Você se sente perdido(a) na sua busca pelo conhecimento? Assista agora essa apresentação

Estoicismo: Significado. O que é essa filosofia?

Nas próximas linhas você vai conseguir ter um bom panorama geral sobre o significado de estoicismo. De uma forma resumida, ele se trata de uma escola filosófica totalmente prática, isto é, foi criado com o intuito de trazer ensinamentos aplicáveis ao nosso dia a dia. Sempre com o intuito de tornar a nossa vida melhor, mais tranquila e mais leve.

Temas como lidar com a ansiedade, com o sofrimento, com as angústias do coração, com a ira, e com quaisquer adversidades enfrentadas por nós, foram assuntos amplamente discutidos pelos mestres que nasceram milênios atrás.

A filosofia estoica esteve adormecida por muitos séculos, embora tenha sido, sim, utilizada pontualmente por personalidades que impactaram grandemente o mundo em que nós vivemos. Theodore Roosevelt, Warren Buffett, Jeff Bezzos, Shakespeare, JK Rowling, Adam Smith e Nassim Taleb são apenas alguns dos nomes que se beneficiaram dos ensinamentos dos antigos estoicos.

Hoje, na era da internet, podemos disseminar conteúdos preciosos como estes em larga escala. Assim, muito mais gente também pode passar a ver o mundo pelas lentes dos estoicos, adquirindo um emocional muito mais robusto para enfrentar os obstáculos que aparecem no dia a dia.

Um produtor de conteúdo brasileiro que espalha o conhecimento estoico muito bem é o Mateus Carvalho do Estoicismo Prático. É um rapaz apaixonado pelo estoicismo e que tem muito a agregar às pessoas que desejam mergulhar nessa fantástica filosofia de vida.

Bom, agora que você começou a entender o significado dessa filosofia prática, vamos explorá-la um pouco mais.

 

Estoicismo Significado

 

O Estoicismo é uma religião?

Vou te contar uma coisa. Nesse momento, o primeiro termo de meu título-inventado “Engenheiro Literário” está chorando. Já o segundo, sorri. Isso porque a resposta dessa pergunta é um frustrante (ou belo) DEPENDE.

Isso mesmo, não há uma resposta universal, pois o termo “religião” também carrega subjetividade. De qualquer forma, vou te passar algumas informações para que você possa refletir e, quem sabe, chegar às suas próprias conclusões. Combinado?

Bom, os estoicos antigos acreditavam em uma racionalidade universal chamada Logos. Acreditavam que havia uma inteligência responsável por trazer ordem ao cosmos. Eles reconheciam que existia uma harmonia ditando as regras da natureza em nosso redor. Diziam que o mundo externo era dotado de certa consciência, inteligência e razão. Parecia ter uma alma…

O Logos é o mais próximo do que chamamos de “Deus,” hoje em dia. Entretanto, acreditar em uma divindade, talvez, não seja suficiente para classificarmos o estoicismo como religião. Por exemplo, muitas pessoas dizem ter certa espiritualidade, embora não pertençam a nenhuma religião específica.

Vale mencionar também que os representantes antigos do estoicismo não se reuniam em templos, igrejas, ou outras construções físicas que poderiam estar associadas à sacralidade.

 

 

A propósito, o estoicismo influenciou a religião cristã. Diversos valores estoicos coincidem com os cristãos, como a humildade, honestidade e o desapego de bens materiais. Não é de se surpreender essa influência, visto que o estoicismo e o cristianismo coexistiram em uma mesma época (apesar de a escola estoica ter sido criada antes, por volta 300 a.C.), sendo ambos difundidos durante o Império Romano.

Além disso, uma curiosidade é que podemos encontrar registros na Bíblia de algumas trocas de cartas entre Sêneca, um dos maiores expoentes do estoicismo, e o apóstolo Paulo.

O estoicismo também tem muitas similaridades com o budismo, como por exemplo o fato de concordarem que o sofrimento é causado pelos padrões de comportamento da nossa própria mente. Sendo assim, é entendível que a forma como reagimos aos acontecimentos da vida são muito mais importantes do que os acontecimentos em si. Em outras palavras, o nosso mundo interno é muito mais poderoso, podendo ser moldado e construído de forma a atingirmos a tranquilidade da alma (Amazon).

Por outro lado, também encontrei argumentos que classificariam o estoicismo, sim,  como uma “religião“. Para ser bem preciso, esse argumento está registrado na página 218 da 46ª edição do livro Sapiens: Uma breve história da humanidade(Amazon), um dos best-sellers mais fantásticos e mais vendidos de todos os tempos.

 

Religião para Yuval Harari

O autor Yuval Harari considera que:

A religião pode ser definida como um sistema de normas e valores humanos que se baseia na crença em uma ordem sobre-humana.

Em seguida, Yuval pontua que ela precisa atender a dois critérios:

 

1) Ser um sistema completo de normas e valores, em vez de apenas um costume ou crença isolada.

2) Para ser considerado uma religião, um sistema de normas e valores precisa alegar que se baseia em leis sobre-humanas, e não apenas em decisões humanas.

 

Sendo assim, em páginas seguintes, o autor afirma que o estoicismo se enquadraria nesta classificação de religião. Não só o estoicismo, mas tanto o liberalismo, o capitalismo, o nacionalismo, o nazismo e o comunismo, por incrível que pareça, não fugiram das palavras ácidas do ateu Yuval.

Ele afirma, por exemplo, que o comunismo soviético foi uma religião fanática e missionária. Os comunistas acreditavam em uma ordem sobre-humana de leis naturais e imutáveis que devem guiar as ações humanas. Um comunista devoto não podia ser cristão nem budista, e se esperava que difundisse o “evangelho” de Marx e Lenin mesmo que isso lhe custasse a própria vida.

Mas… para ser considerado como “religião” não precisa acreditar, necessariamente, em um deus? Não, segundo o autor. Afinal, o próprio budismo é um exemplo de religião que dá pouca importância aos deuses.

Certo, mas e o estoicismo… ele é ou não uma religião? — Você deve estar se perguntando.

Vamos lá. Como citei anteriormente, e como sugere o professor Gregory B. Sadler, não há uma resposta definitiva e unânime. Entretanto, vou fazer algumas considerações sobre a perspectiva levantada por Yuval.

 

Estoicismo Significado

 

Primeiramente, devo dizer que os estoicismo flerta, sim, com as leis sobre-humanas. Afinal, o Logos é um exemplo claro de algo que transcende o controle e o poder humano. Por outro lado, acredito que a expressão “sistema completo de normas e valores” seja um pouco forçada demais para o caso do estoicismo.

Existem, sim, alguns princípios estoicos (tema esse que será discutido logo adiante), mas considero que eles não estejam estruturados em nada que seja parecido com um sistema.

Inclusive, na mesma página 218 do livro Sapiens (Amazon), o autor sustenta que, para que uma ideologia seja considerada religião, ela precisa insistir em difundir essa crença para todos. Em outras palavras, precisa ser universal e missionária. E o estoicismo jamais fora uma aparelhagem formatada para doutrinar pessoas. Muito pelo contrário, ele é muito mais uma ferramenta de auto-aperfeiçoamento.

Como pontuou muito bem o Mateus Carvalho neste artigo, é muito importante lembrar que dois (Sêneca e Marco Aurélio) dos três grandes filósofos estoicos romanos (Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto) não escreveram com o intuito de lecionar. Os escritos de Sêneca que temos acesso são cartas e tratados destinados a pessoas específicas, textos compartilhavam os valores estoicos a partir de exemplos e conselhos. Com relação ao imperador romano Marco Aurélio, a obra Meditações (Amazon), é nada mais nada menos do que seu diário pessoal. Ele nunca imaginara que nós, enxeridos, fôssemos bisbilhotar seus manuscritos, após sua morte.

E, para completar, a intenção de difundir massivamente o estoicismo já podia ser invalidada, naquela época, em algumas falas de Epicteto, como na seguinte citação:

Não explique sua filosofia. Incorpore-a!

— Epicteto

 

Já o imperador-filósofo, Marco Aurélio, ainda complementa com o pensamento:

 

Seja firme consigo mesmo, mas tolerante com os outros.

— Marco Aurélio

 

Nesse contexto, ser “tolerante” com os outros se adequa, perfeitamente, à postura de alguém que não empurra aquilo que acredita, goela abaixo, nas outras pessoas. Ser tolerante com os outros é compreender que os humanos são falhos. E que quanto maior nossa expectativa de que as pessoas ao nosso redor se comportem exatamente conforme desejamos, maior é a frustração quando elas não o fazem.

Sendo assim, suspeito que o termo “religião” não seja tão feliz para determinar o que o estoicismo é. Encaro ele muito mais como uma ideologia, ou, melhor ainda, uma filosofia prática e perfeitamente aplicável a todas as pessoas que desejam fazer o melhor uso do tempo que temos nessa Terra.

Agora, peço licença ao mestre Epicteto, pois preciso prosseguir neste artigo, descumprindo, temporariamente, o ensinamento dele que acabei de lhe passar.

 

Os 4 princípios estoicos

Existem quatro pilares da filosofia estoica que regem a forma de pensar do estoicismo. Certa vez, Marco Aurélio escreveu em seu diário: “se você já se deparou com alguma coisa melhor do que a justiça, a sabedoria, o autocontrole e a coragem, deve ter sido algo extraordinário, de fato“!

Então vamos conhecê-los mais a fundo.

 

1 – Coragem

Certa vez ouvi uma frase que resume perfeitamente esse tópico. Infelizmente, não identifiquei o autor original para conceder os devidos créditos. Ela era mais ou menos assim:

Tudo o que você mais almeja está do outro lado do medo.

É isso. Coragem não significa ausência de medo, e sim agir apesar do medo.

Outra visão fantástica é a de Aristóteles, provavelmente o pensador mais influente de todos os tempos. Veja a visão dele:

 

A coragem é a primeira das qualidades humanas, pois é a partir dela que surgem todas as outras.

— Aristóteles

 

Um tapa na cara, não? Pois é.

Para:

  • Ser honesto, é preciso coragem.
  • Não procrastinar, é preciso coragem.
  • Pedir perdão e admitir os erros, é preciso coragem.
  • Conquistar qualquer outra virtude, é necessária a coragem.

 

2 – Temperança

A temperança é a virtude que capacita alguém a exercer o autocontrole. O autodomínio. É sobre ser uma pessoa comedida e que evita extremos. Gosto da ideia que diz que a diferença entre o antídoto e o veneno é a dose. Em outras palavras, os excessos são maléficos. Afinal, até a própria coragem, em excesso, pode ser mortal.

Lidar com a ira, com a preguiça e com os demais instintos humanos é uma habilidade diretamente relacionada ao autocontrole. Nos dias de hoje, dos milênios depois da era dos grandes estoicos, podemos ouvir os ecos de suas vozes em livros de psicólogos incríveis, como Daniel Goleman, autor da poderosa obra Inteligência Emocional (Amazon).

 

3 – Justiça

Enquanto Aristóteles considerava a coragem como a mãe de todas qualidades humanas, o estoico Marco Aurélio afirmava que a justiça era o mais importante dos quatro princípios estoicos. E, de fato, esse item é amplamente presente nos escritos dos grandes filósofos do estoicismo. Todos eles abordam bastante sobre o fortalecimento do caráter.

Veja algumas passagens escritas no diário (nem tão) secreto do imperador :

 

Se não for certo, não faça. Se não for verdade, não diga.

— Marco Aurélio

 

Pare de perder tempo debatendo sobre o que é ser um bom homem. Seja um.

— Marco Aurélio

Para complementar este tópico, cito aqui uma frase de Nassim Taleb (autor do Antifrágil (Amazon)) que, embora não seja um filósofo romano antigo, é alguém que também espalha o conhecimento dos grandes mestres.

 

Se você vê uma fraude e não diz “fraude”, você é uma fraude.

— Nassim Nicholas Taleb

 

4 – Sabedoria

Aqueles que se interessam pelo estoicismo são, por tabela, interessados na sabedoria das grandes mentes. Ter um livro (ou um Kindle(Amazon)) em mãos, significa ser capaz de adquirir facilmente tudo aquilo que o autor levou uma vida inteira para conquistar, como pontuou Sócrates. E é a mais pura realidade.

Zenão, o fundador da escola estoica, dizia que nos foi dado dois olhos e duas orelhas para que possamos enxergar e ouvir o dobro que falamos.

Essa é a ideia. Aprender, aprender e aprender. Com humildade de saber que nós não conhecemos tudo.

Sócrates é autor da célebre frase “só sei que nada sei” ,  Confúcio dizia que “o real conhecimento é conhecer a extensão de nossa ignorância“, e Epicteto nos alerta, ainda, que “é impossível que uma pessoa aprenda aquilo que ela acha que já sabe“.

Se os cérebros mais influentes da raça humana vangloriam o aprendizado e a sabedoria, quem somos nós para dizer o contrário?

Um livro excelente que disseca o processo de aprendizagem é o Mindset (Amazon), da Carol Dwek.

E digo mais. Se, por acaso, você nunca leu este livro, e supõe que já saiba do conteúdo, você tem, agora, um motivo a mais para comprar o livro. Afinal, revise o que você acabou de aprender com Epicteto, logo acima.

 

Considerações finais

Nos últimos minutos você descobriu que há pessoas famosas, do século XXI, que têm as vidas beneficiadas a partir de ensinamentos de mais de 2300 anos de idade. Ideias que foram mais do que testadas pelo tempo, se tornando, enfim atemporais. Você entendeu alguns dos preceitos básicos do estoicismo, e presenciou minha conversa com Yuval Harari, a respeito do fato de o estoicismo ser ou não considerado uma religião.

Você conheceu os 4 princípios básicos que regem a mentalidade estoica, e reparou que uma filosofia milenar consegue nos trazer reflexões que moldam nossos pensamentos, sentimentos, e atitudes.

Por óbvio, em um único artigo, é humanamente impossível que eu te passe todo o conhecimento desses sábios. Mas fique por aqui, no Filosofia Empreendedora, que mais aprendizados poderosos serão resgatados e revelados.

 

× Precisa de ajuda?