“Pessoas sem valor vivem só para comer e beber. Pessoas de valor comem e bebem apenas para viver — Sócrates”
Essa fala de Sócrates tem total relação com a expressão latina “memento mori“. Mas, antes de mais nada, você consegue me dizer o que é memento mori, afinal? O que diabos esse termo estranho significa?
Essas palavras escritas em latim carregam consigo um lembrete de que nós somos mortais. Nós somos orgânicos. Nosso tempo na Terra é finito.
Na época dos grandes imperadores romanos era comum, durante seus discursos, que a população fixasse seus olhos neles, enquanto discursavam. Entretanto, pouca gente reparava na pessoa que ficava atrás desse governante.
Ali estava um conselheiro, que sussurrava nos ouvidos imperiais: “memento mori“. Um lembrete bem peculiar para se fazer a alguém que estava no auge de toda a sua glória, e tinha o mundo inteiro em suas mãos.
Embora a recordação de nossa mortalidade possa parecer um tanto fúnebre em primeiro momento, saiba que, na realidade, ela carrega todos os aromas, beleza, e abundância de uma vida intensa e maravilhosa.
Entenda “memento mori” não como algo negativo, e sim como um despertar para a vida. No caso dos imperadores, é fácil imaginar seus olhos se arregalando, um arrepio percorrendo seu corpo, e seus pés voltando ao chão, assim que escutavam a expressão latina e todo o seu significado que ela carrega.
Podemos dizer que essas duas palavras, em conjunto, servem como um antídoto. Elas nos trazem de volta para a realidade, e evitam com que o ego nos sequestre por inteiro.
E repare como isso tem total sinergia com a fala de Sócrates sobre o ato de “comer e beber”, que mencionei no inicio do artigo. O significado que o filósofo traz com sua mensagem não deve ser mal interpretado. Ele não quer dizer que você não possa ser um apaixonado pela gastronomia, ou que você não possa se divertir assistindo ao Master Chef. Não é nada disso.
Creio que o real significado que Sócrates queria passar com sua fala é o de que o ato de viver vai muito além de consumir alimentos e bebidas. Para viver, não basta que alimentemos o nosso estômago.
É preciso que alimentemos também a nossa alma. Apreciar as pequenas vitórias, criar novas conexões com outros seres humanos, exercitar a gratidão, sorrir, sentir os cheiros e sabores do mundo, aprender, se desenvolver, expandir a visão de mundo, saber filtrar os pensamentos… isso sim está muito mais próximo com o ato de viver.
Então veja: a mensagem que o memento mori transmite é contra-intuitiva. O fato de lembrar-nos ativamente de nossa mortalidade deve ser encarado como uma motivação para viver, e não o contrário.
E aqui vem a parte mais mágica de tudo isso. Como você está no site Filosofia Empreendedora, creio que o que vou te falar aqui será ainda mais especial.
Te digo que muitas pessoas de sucesso têm o significado de memento mori muito bem consolidado em suas cabeças, mesmo que nunca tenham ouvido falar dessa expressão. Assim como norte-americanos sentem “saudade” sem terem a palavra em seu vocabulário, pessoas podem viver segundo a ideia do memento mori, mesmo sem conhecer o termo.
Embora conhecer a história dos imperadores romanos e filósofos antigos não seja pré-requisito obrigatório para construir uma mentalidade poderosa, é fato que muito do conhecimento deles foi ecoando ao longo da história e se alastrou, de diversas formas, por todos os locais onde há seres humanos.
Um exemplo disso é a resposta que o empreendedor Flávio Augusto fornece, quando perguntado sobre o “segredo” de sua motivação.
“Lembrar que vou morrer” — É o que ele responde.
Quando Flávio não responde exatamente assim, ele diz algo como “eu me lembro que, dentro de pouco tempo, terei meu corpo devorado por vermes”. Bom, se você o conhece, creio que a essa altura esteja muito claro se essa estratégia deu certo ou não para ele.
Como dizia Heráclito, o tempo é como um rio. A correnteza não pára.
Além disso, Sêneca traz uma perspectiva muito interessante sobre o ato de viver. Ele menciona que “a vida é como um conto. O que importa não é o quão longa, mas sim o quão boa ela é”.
Falando em boa vida, se você tiver um tempinho veja esse vídeo antigo gravado por André Matos, brilhante músico brasileiro que faleceu em 2019.
Se há algum vídeo que retrata melhor a realidade do memento mori na prática, eu desconheço.
Neste momento, gostaria de te passar mais dois ensinamentos que eu adquiri, com relação ao tempo e à vida. Ambos de Sêneca.
1 — “Não é que nós temos pouco tempo, mas sim que o desperdiçamos aos montes.”
2 — “Comece de uma vez por todas a viver, e conte cada novo dia como uma nova vida”
Mas me conta aqui…
Você gostou de ter aprendido sobre o memento mori?
Se você realmente deseja beber dessa fonte de sabedoria dos antigos estoicos, deixo aqui as minhas sugestões…
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