Protágoras de Abdera (c. 490 a.C. – c. 420 a.C.) foi um dos filósofos mais influentes da Grécia Antiga, famoso por ser um dos maiores sofistas e por suas ideias sobre relatividade e verdade subjetiva.
Sua famosa frase “O homem é a medida de todas as coisas” sintetiza sua crença de que a percepção humana é o único critério para determinar o que é verdadeiro ou falso, desafiando as noções absolutistas de verdade defendidas por outros filósofos como Parmênides e Sócrates.
Protágoras via o conhecimento como algo relativo ao indivíduo, o que implica que não há verdade universal ou objetiva, mas que tudo depende da perspectiva de quem observa. Esse relativismo tem profundas implicações, não apenas para a filosofia e a epistemologia, mas também para a ética e a educação, já que ele acreditava que a habilidade de argumentar e persuadir era fundamental para o sucesso na vida pública.
Neste artigo, vamos explorar as principais ideias de Protágoras, seu impacto no relativismo, na retórica e na educação, e o legado duradouro que ele deixou na filosofia e na moralidade.
Protágoras e o Relativismo: “O Homem é a Medida de Todas as Coisas”
A máxima “O homem é a medida de todas as coisas” resume de forma simples a visão de Protágoras sobre a verdade. Segundo ele, não existem verdades universais ou absolutas; a verdade é relativa ao observador, ou seja, o que é verdadeiro para uma pessoa pode não ser verdadeiro para outra.
Essa ideia desafiou a concepção tradicional de verdade objetiva defendida pelos filósofos naturalistas como Parmênides e Heráclito, que acreditavam em uma realidade imutável e objetiva.
Protágoras acreditava que os seres humanos percebem o mundo através de sentidos e experiências pessoais, e é a partir dessas percepções que construímos nossa verdade. Assim, tudo é relativo, incluindo o que consideramos bom ou ruim, justo ou injusto, verdadeiro ou falso. Isso se estende à moralidade, já que ele defendia que a ideia de justiça e lei também era subjetiva, dependendo de quem a observa ou a aplica.
Esse pensamento relativista teve grande impacto na filosofia epistemológica e ética, tornando Protágoras uma das figuras chave do movimento sofista.
Protágoras e os Sofistas: A Filosofia da Persuasão
Protágoras foi um dos maiores sofistas da Grécia, um grupo de pensadores que se especializavam em educação e retórica. Os sofistas eram conhecidos por ensinar habilidades de argumentação e persuasão, acreditando que o verdadeiro objetivo da filosofia não era encontrar a verdade absoluta, mas sim fornecer aos indivíduos as ferramentas necessárias para convencer os outros em debates públicos, nas cortes ou nas Assembleias.
De acordo com Protágoras, a habilidade de argumentar bem era uma das qualidades mais importantes que uma pessoa poderia ter, especialmente em uma sociedade democrática como Atenas. Ele via a retórica como uma arte poderosa, capaz de influenciar a opinião pública e manipular as percepções das pessoas sobre o que é certo e errado.
Essa ênfase na persuasão e na subjetividade do conhecimento fez com que os sofistas fossem frequentemente criticados, especialmente por filósofos como Sócrates, que acreditava que a filosofia deveria buscar a verdade e não apenas ensinar como convencer os outros.
Protágoras e a Moralidade: A Verdade Subjetiva e a Ética
Protágoras também teve uma grande influência no campo da moralidade. Sua visão relativista levava à ideia de que a moralidade não era algo absoluto, mas algo dependente da perspectiva de cada indivíduo ou sociedade. O que era considerado moralmente certo para um povo poderia ser errado para outro, e isso se aplicava não apenas a questões sociais, mas também ao conceito de justiça.
Essa abordagem relativista da ética contrastava com as visões mais absolutistas de pensadores como Platão, que acreditavam em ideais universais de justiça e virtude. Para Protágoras, a ética era dinâmica e fluía com as circunstâncias sociais e culturais, e não existiam normas universais que se aplicassem a todos os tempos e lugares.
Isso gerou muitas discussões sobre o papel da moralidade objetiva versus a subjetividade moral e como a sociedade deve lidar com as divergências éticas.
A Filosofia de Protágoras e a Influência na Retórica
Além de ser um pensador profundo sobre a verdade e a moralidade, Protágoras também é considerado um dos fundadores da retórica. Ele ensinava que a capacidade de argumentar eficazmente e de persuadir os outros era essencial para o sucesso nas relações públicas e políticas.
Na Atenas democrática, isso era particularmente importante, já que a assembleia popular era o principal lugar de discussão política e tomada de decisões.
A habilidade de persuadir foi vista por Protágoras como uma arte que poderia ser ensinada, e ele acreditava que, através do discurso, qualquer pessoa poderia argumentar de forma convincente sobre questões difíceis e complexas, independentemente de sua posição social.
Principais Influências de Protágoras
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Heráclito
Heráclito, com sua visão de que tudo está em constante fluxo, influenciou Protágoras na ideia de que a verdade é relativa e depende das percepções individuais. A mudança constante e o relativismo heraclítico sobre a natureza das coisas ajudaram a moldar a filosofia de Protágoras sobre a verdade e a moralidade. -
Sofistas
Górgias e outros sofistas influenciaram diretamente a filosofia de Protágoras, especialmente no que se refere à persuasão e ao relativismo. Eles compartilhavam a crença de que a verdade não era algo absoluto, mas sim dependente da perspectiva humana. -
Sócrates
Embora Sócrates tenha sido crítico dos sofistas, incluindo Protágoras, suas discussões sobre ética e verdade influenciaram Protágoras de forma indireta, especialmente no que diz respeito ao papel da dialética e do questionamento na busca pelo conhecimento.
Frases Geniais de Protágoras
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“O homem é a medida de todas as coisas, daquelas que são, que são, e daquelas que não são, que não são.”
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“A verdadeira sabedoria está em saber que nada sabemos.”
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“A opinião de um é tão válida quanto a opinião do outro, pois a verdade é subjetiva.”