Pirro de Élis (c. 360 – 270 a.C.) foi um filósofo grego, considerado o fundador do ceticismo filosófico.
Sua filosofia foi uma reação aos dogmas filosóficos de sua época, e ele é mais conhecido por sua ideia radical de que a verdade absoluta é inatingível e que, portanto, a única postura filosófica correta é a suspensão do juízo. Pirro acreditava que a certeza era uma ilusão e que, para alcançar a tranquilidade interior, o ser humano deveria aceitar a dúvida e não fazer afirmações definitivas sobre o mundo.
A filosofia de Pirro teve grande impacto, especialmente nas escolas de ceticismo e nas correntes filosóficas que surgiram após ele. Sua abordagem enfatizava a ideia de que a percepção sensorial humana é limitada e, muitas vezes, enganosa. Ao rejeitar a possibilidade de certeza absoluta, ele desafiava tanto os filósofos racionalistas quanto os dogmáticos de sua época.
Neste artigo, vamos explorar as principais ideias de Pirro de Élis, sua filosofia cética e como ele influenciou a história do pensamento ocidental.
Pirro de Élis e o Ceticismo: A Busca pela Suspensão do Juízo
O princípio central da filosofia de Pirro de Élis é a ideia de suspensão do juízo. Segundo ele, não podemos conhecer a verdade absoluta sobre as coisas, pois as percepções humanas são limitadas e muitas vezes contraditórias. Por isso, a postura correta diante da vida é não afirmar nada com certeza e, em vez disso, suspender qualquer julgamento sobre a realidade.
Pirro acreditava que, ao não fazer julgamentos definitivos sobre o mundo, o ser humano alcançaria uma vida mais serena e tranquila. Essa suspensão do juízo não significa uma falta de reflexão, mas sim uma forma de libertação das tensões mentais causadas pela busca incessante pela verdade.
A filosofia cética de Pirro influenciou a escola de ceticismo pirrônico, que se concentrava na dúvida constante como método para atingir a ataraxia (tranquilidade interior). Essa abordagem cética se opôs tanto ao dogmatismo das escolas filosóficas da época quanto à busca por uma verdade absoluta.
A Filosofia de Pirro: A Incerteza Como Princípio Fundamental
Pirro acreditava que a verdade absoluta era algo inalcançável. Para ele, tanto os dogmáticos quanto os filósofos racionais estavam equivocados ao tentar afirmar com certeza o que é verdadeiro.
De acordo com sua visão, tudo o que podemos saber sobre o mundo é incerto e relativo. Por isso, ele sugeria que a melhor forma de viver seria aceitar essa incerteza e não se apegar a crenças definitivas.
Essa postura filosófica está intimamente ligada à ideia de que, sem certezas absolutas, a tranquilidade interior só pode ser alcançada ao evitar o apego a opiniões infundadas. Para Pirro, a busca incessante por verdades absolutas e a imposição de doutrinas são fontes de sofrimento. Ao invés disso, ele defendia que o ser humano deveria buscar uma forma de equilíbrio mental e paz interior por meio da dúvida constante.
Pirro e o Legado do Ceticismo
A filosofia de Pirro influenciou profundamente o desenvolvimento do ceticismo filosófico na Grécia Antiga, especialmente através de filósofos como Sexto Empírico, que sistematizou as ideias pirrônicas em uma tradição cética formal.
A escola cética não só questionou as certezas sobre a natureza e a realidade, mas também promoveu uma postura crítica em relação a todas as afirmações dogmáticas, seja no campo filosófico ou religioso.
O legado de Pirro foi fundamental para o desenvolvimento da filosofia helênica e se manteve uma referência até os filósofos modernos, como Descartes, que, embora não cético em sentido estrito, também introduziu a dúvida metódica como uma forma de alcançar certezas absolutas.
Pirro e a Relação com os Sofistas
Pirro teve uma relação próxima com os sofistas de sua época, particularmente em relação ao questionamento das normas e da possibilidade de conhecimento absoluto.
Os sofistas, como Protágoras, afirmavam que o conhecimento é relativo e depende do ponto de vista de cada indivíduo. Embora Pirro também tenha defendido a ideia de que o conhecimento humano é incerto, ele se distanciava dos sofistas ao defender que a dúvida sobre a realidade deve ser a única postura correta, e não uma forma de relativismo moral.
Enquanto os sofistas usavam a relatividade do conhecimento para argumentar em favor da flexibilidade das leis e das normas sociais, Pirro era mais radical em sua abordagem, sugerindo que a verdade era impossível de ser conhecida e que, por isso, a razão e o discurso humano não podiam ser tomados como autoridades absolutas.
Principais Influências de Pirro de Élis
-
Parmênides
Parmênides influenciou Pirro, especialmente com sua ideia de que a realidade é uma, imutável e eterna. Enquanto Parmênides defendia a unicidade e a imutabilidade do ser, Pirro adotou uma visão cética, sugerindo que, embora não possamos conhecer a verdade, as ideias filosóficas devem ser questionadas constantemente. -
Socráticos
Sócrates e a sua técnica de questionamento constante e dúvida certamente influenciaram a abordagem de Pirro. Sócrates buscava questionar as verdades estabelecidas, enquanto Pirro foi mais radical, sugerindo que, ao contrário de chegar a uma verdade definitiva, o processo de dúvida constante é a única maneira de alcançar paz interior. -
Zenão de Eleia
A filosofia de Zenão e suas ideias sobre a lógica e o paradoxo tiveram um impacto na forma como Pirro formulou suas dúvidas sobre o mundo físico e a percepção sensorial. Zenão argumentava que a razão poderia levar a contradições e paradoxos, o que Pirro usou para argumentar contra a possibilidade de conhecimento definitivo.
Frases Geniais de Pirro de Élis
-
“Nada sabemos com certeza; até mesmo o que sabemos não podemos afirmar com certeza.”
-
“A dúvida é o caminho para a tranquilidade.”
-
“A única coisa que é certa é que nada é certo.”