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O que é Efeito Lindy? Envelheça “ao contrário”

Antes de mais nada, deixa eu fazer um esclarecimento. Se você clicou nesse título, “O que é Efeito Lindy?”, achando que você se tornaria um Benjamin Button, sinto muito, pois não é exatamente isso que você está pensando.

Ainda não consegui achar nenhuma pílula de rejuvenescimento. Se eu encontrar, prometo que te mando uma mensagem avisando. De qualquer forma, sugiro que leia este texto até o final, pois acredito que conhecer o Efeito Lindy pode mudar significativamente a forma como você pensa e age diante de determinadas escolhas, situações e hábitos presentes no seu dia a dia.

O Efeito Lindy, mais do que qualquer coisa, nos proporciona uma maneira nova e inteligente de utilizar a nossa energia, nos fornecendo estratégias para separar as escolhas mais frágeis das menos frágeis. Para isso, ele nos traz a ideia de que o velho é superior ao novo, pois o primeiro já foi testado pelo tempo, enquanto o segundo ainda tem muito chão a percorrer, bem como diversas incertezas a enfrentar.

Antes de explicar mais a fundo sobre como funciona essa ideia, preciso te contextualizar.

 

Como surgiu o Efeito Lindy

Essa história começa no ano de 1964. Mais precisamente, ela teve origem em um restaurante nova-iorquino chamado Lindy’s. Aquele era um local onde os comediantes da cidade se encontravam, tanto para realizar seus shows nos palcos, quanto nos telões. E, claro, fofocar com os amigos — não poderia deixar de citar.

Certa vez, um homem chamado Albert Goldman observou um fenômeno muito curioso no estabelecimento. Ele notou que os comediantes mais antigos da casa se mantinham lá por mais tempo, enquanto os novos entrantes eram “ciclados” muito mais rapidamente. Parecia haver uma proporcionalidade direta entre o tempo de casa, com o tempo de presença futuro de cada humorista que frequentava o ambiente.

Naquela ocasião, Goldman nomeou o estranho fenômeno como “Lei de Lindy“.

 

efeito lindy

 

Anos mais tarde, esse interessante conceito foi aprimorado pelo matemático Benoit Mandelbrot, provando-o com um embasamento probabilístico refinado.

Era real.

Daquele momento em diante, a Lei de Lindy assumiu o nome que conhecemos hoje, dando origem, enfim, ao Efeito Lindy.

Para que possamos prosseguir no entendimento, de uma forma mais clara e didática, preciso trazer, para a nossa conversa, a ótica do escritor libanês Nassim Taleb, autor de obras importantes como Antifrágil (Amazon), A lógica do Cisne Negro (Amazon), Arriscando a própria pele (Amazon), Iludidos pelo acaso (Amazon), entre outras.

Então vamos lá.

 

Onde existe Efeito Lindy?

Vamos dividir agora todas as coisas que nós conhecemos em dois grandes blocos. De antemão, já vou te adiantar que o Efeito Lindy é exclusivo para as coisas do segundo bloco, mas preciso fazer alguns esclarecimentos prévios. Combinado?

No primeiro bloco, vamos colocar as coisas que são consideradas orgânicas ou, em outras palavras, PERECÍVEIS. Esse bloco abrigará os elementos ao nosso redor que tem, necessariamente, um prazo de validade, mesmo que não saibamos o exato dia em que eles deixarão de existir. Nessa caixa das coisas perecíveis, colocamos tudo aquilo que está caminhando para a morte, à medida que o tic-tac do relógio avança.

Então deixe-me ver se você compreendeu bem. Me diga agora. Você, humano, é, ou não é PERECÍVEL?

Se você respondeu “sim”, muito bem, você acertou. Mesmo que você não seja um presunto ou um queijo, seu corpo pode ser considerado, sim, perecível. Afinal, nossa matéria não viverá (teoricamente) para sempre nesse mundo, mesmo com os constantes avanços da medicina.

O DNA humano,  por outro lado, pode entrar no segundo bloco. Afinal, ele não necessariamente está caminhando para a extinção. Ou seja, ele é potencialmente eterno. Repare, ainda, que o termo “não perecível” não é sinônimo de “eterno”, pois não há como provar que a raça humana viverá para todo o sempre. Entretanto, é verdade, também, que o DNA não está com os dias contados. Essa é uma diferença tênue, embora fundamental.

Para ficar mais claro, pense da seguinte forma:

PERECÍVEL:

Carrega um teor físico. Na maioria das vezes, assumindo a forma de um objeto.

NÃO PERECÍVEL:

Carrega um teor informativo, como músicas, tecnologias etc.

 

Ainda está com uma pulga atrás da orelha, né? Calma que eu explico. Pense, agora, em um livro. Na bíblia, para ser mais específico. Ela é perecível ou não perecível?

Depende.

Uma cópia específica da bíblia é um livro físico e, portanto, se desgasta com o tempo. As páginas ficam amareladas e as traças podem devorá-la, ao longo dos anos. Já a bíblia como obra é considerada não perecível. A única forma de ela “morrer” é se ela parar de ser lida, definitivamente, pelas pessoas (o que é extremamente improvável de acontecer, como você verá logo adiante).

Da mesma forma, pense em um carro. Ele é perecível ou não perecível?

Se você respondeu “depende”, parabéns. Veja: o carro da marca X e da placa Y tende a se degradar ao longo das décadas. Já a “tecnologia” carro não apresenta um inevitável prazo de validade.

Reflita, então, sobre essa fala de Taleb:

 

“Para o perecível, cada dia adicional em sua vida traduz-se em uma expectativa de vida extra mais curta. Para o não perecível, cada dia adicional pode implicar uma expectativa de vida mais longa.”

— Nassim Nicholas Taleb

 

Fala pra mim, filhote de Benjamin Button, está começando a entender o porquê daquele título chamativo que você clicou?

 

efeito lindy

 

Como envelhecer ao contrário?

Certo, você entendeu que as coisas podem ser separadas em dois grandes blocos, e que o Efeito Lindy é aplicado apenas às coisas não perecíveis, isto é, aquelas que têm a possibilidade de existir para sempre. Ótimo, e agora?

Venha, vamos trabalhar com números. Vou simplificá-los, a fim de facilitar a compreensão.

De acordo com o Efeito Lindy, se um livro vem sendo editado há 20 anos, as chances são que ele continuará a ser editado por mais 20 anos.

Pense, agora, que este mesmo livro tenha sido editado por mais 5 anos, totalizando 25. Nesse caso, as expectativas e probabilidades indicam que esse livro será lido por não mais 20, e sim outros 25 anos.

Este fenômeno, de caráter exponencial, e que fortalece tudo aquilo que é de natureza informativa (não perecível) é o poderoso Efeito Lindy.

Ele nos dá um excelente norte para filtrar as coisas mais frágeis, daquelas que são mais merecedoras de receber nossa confiança e energia. O tempo literalmente testa as coisas. De fato, ele é, e sempre será, o melhor professor.

Para “envelhecer no sentido inverso” você precisa se alimentar de tudo aquilo que quebra as barreiras do tempo, e caminha para se tornar atemporal. É um ensinamento totalmente contra-intuitivo. Mas, parando para analisar, faz total sentido.

Se você fosse especular sobre qual livro continuará a ser lido daqui a 100 anos, qual você chutaria: O Príncipe (publicado em 1532) ou o último best-seller escrito no ano passado?

Percebe? Ninguém é tão bom em dar pistas sobre o futuro quanto o próprio passado. Por essas e outras, a história nunca se repete, mas rima — como diria o escritor Mark Twain.

 

Usando o Efeito Lindy na prática

Ora, se você concordou comigo que os livros antigos que são lidos até hoje têm muito mais chances de continuar a ser lidos no futuro, por que não utilizar, então, este fato ao nosso favor? Ao absorver a experiência e conhecimento daqueles que vieram antes de nós, nos tornamos capazes de nadar com muito mais maestria neste rio imparável de mudanças, que é o século XXI.

Te sugiro, desse modo, fazer como o Bruno Perini, influenciador de finanças que muito admiro. A cada 3 livros que você ler, opte por 2 mais antigos. Mais testados pelo tempo. Assim, você estará  blindado da hipótese de se tornar tão ultrapassado quanto quem só ama o novo e negligencia o passado. A pessoa que não sobe em ombros de gigantes perde a oportunidade de enxergar muito mais longe.

Agora que o Efeito Lindy é uma ideia mais familiar para você, podemos explorá-lo em outros domínios. Que tal na música, por exemplo?

Aqui vai uma música de Belchior, cantor esse cujas canções atravessaram gerações (e, especulando-se, atravessarão muitas outras). Essa, logo abaixo, é de 1973, por exemplo. Como já foram mais do que testadas e validadas pelo tempo, sendo ouvidas até hoje, podemos concordar que músicas como essa carregam uma quantia bem interessante de Efeito Lindy, não?

 

 

Repare que eu poderia ter inserido, em vez dessa, alguma outra canção de Belchior, que se encaixasse muito melhor no tema do artigo. “Como os nossos pais” teria sido uma excelente candidata para ilustrar este texto.

Contudo, tão instigante quanto este fato, é o de que nós temos o privilégio de viver numa era onde é possível acessar, facilmente, músicas de tamanha qualidade. Desse modo, é inevitável que sejamos considerados, também, “Sujeitos de sorte”.

 

Efeito Lindy e “Asno Tícias”

 

Se você não ler o jornal, fica desinformado. Se você ler, fica mal informado.

— Mark Twain (1835 – 1910)

Com a frase do sarcástico escritor inglês, introduzo este tópico polêmico. Meu intuito aqui não é tapar os seus ouvidos ao mundo externo, mas sim propor uma reflexão.

Para contextualizar, trago para o nosso vocabulário dois termos muito presentes no mercado financeiro. São eles os ruídos e os sinais. De forma geral, o primeiro deles é atribuído aos eventos desimportantes, efêmeros. Aqueles que fazem barulho, mas “acabam não dando em nada”. Na ótica da bolsa de valores, eles implicam em flutuações de curto prazo dos preços, que não fazem absolutamente nenhuma diferença para a pessoa que investe de forma inteligente (Amazon), isto é, pensando em horizontes de tempo muito maiores.

Imersos em um imenso mar de ruídos estão os poucos sinais. Estes, sim, têm importância. No mercado acionário, eles estão relacionados aos fundamentos das empresas, bem como às grandiosas mudanças estruturais. Como é de se esperar, estes são muito mais escassos do que os ruídos. Felizmente, na prática, os sinais não costumam ocorrer de forma abrupta — dificilmente uma empresa boa fica ruim da noite para o dia.

O que acontece, contudo, é que as pessoas dedicam um tempo descomunal perseguindo os inúteis ruídos, na esperança de que aquelas informações extras os tornem indivíduos mais preparados e capacitados. Esse equívoco pode ser, claro, extrapolado para outros domínios, fora do contexto financeiro.

Notícias são, em sua mais pura essência, informações que carregam uma dose nula de Efeito Lindy. Afinal, elas acabaram de nascer! São como humoristas do restaurante Lindy’s com 1 dia de casa. Sua relevância ainda não foi testada pelo tempo.

Pensando de forma lógica, é ÓBVIO que algumas raras notícias conquistarão “15 anos de casa”, após sucessivos testes realizados pelo implacável tempo. Mas será que é nelas mesmo que você deverá focar a maior parte de suas energias?

Se você tem à sua disposição, nos livros, um infinito de “sinais” atemporais, que só se fortalecem mais e mais com o passar do tempo, por que cargas d’água não utilizá-los para benefício próprio?

Essa é a perspectiva que eu queria trazer.

 

Efeito Lindy na era da internet

 

“O melhor momento para plantar uma árvore foi há 20 anos. O segundo melhor é agora.”

— Provérbio chinês

Deixa eu te fazer uma pergunta. Alguma vez você já esteve navegando no YouTube e te foi recomendado um vídeo de três, cinco, ou até dez anos atrás? Pois bem. Cada um daqueles vídeos foi plantado, assim como uma semente. Eles germinaram, após algum tempo, e viraram belas árvores, com muitas visualizações. Se hoje você saboreia os doces frutos dela, é porque alguém a plantou no passado.

Ao mesmo tempo, além de terem ajudado milhares (ou até milhões) de pessoas, o indivíduo que plantou a semente também pode, enfim, desfrutar da merecida sombra fresca que ele mesmo proporcionou. Isso porque existem formas interessantes e honestas de se obter ganhos financeiros provenientes dessas mesmas sementes. No Filosofia Empreendedora, por exemplo, consigo fazê-lo a partir de parcerias como a da Amazon, que me permite divulgar produtos como o Kindle, bem como os diversos livros que você vê espalhados por todo o site.

Nesse sentido, o Efeito Lindy cria, na era da internet, um fenômeno exponencial — que mais parece um efeito bola de neve.

Este artigo, que te explanou sobre o fantástico conceito do Efeito Lindy, foi escrito no dia 17 de Março do ano de 2021. No momento em que escrevo essas palavras, não encontrei muitos outros conteúdos tão aprofundados sobre este assunto pela internet brasileira. E existe uma razão lógica para isso.

Antes de escolher o tema para o conteúdo — e isso serve tanto para vídeos, quanto artigos —, um passo importante é verificar a frequência de pesquisas mensais pela palavra-chave que norteará o assunto. No caso do tema “Efeito Lindy”, o número gira em torno de míseras 480 pesquisas mensais — teoricamente, é improvável que este conteúdo seja encontrado (hoje) por pesquisas orgânicas no Google e, naturalmente, poucas pessoas têm a intenção de produzi-lo.

Por outro lado, agora que eu e você já aprendemos sobre o mecanismo do Efeito Lindy, nossa visão do tempo testando as coisas acaba por se tornar um pouco diferente. Como te sugeri há pouco, a notoriedade do Efeito Lindy começou a ser disseminada com maior intensidade recentemente, a partir dos escritos de Nassim Taleb. E esse homem influenciou desde Jeff Bezzos, fundador da Amazon, até brasileiros do mercado financeiro, como é o caso do Richard Rytnband, da Convex Research.

Basta entender o básico sobre progressões geométricas, para entender o potencial de disseminação de um tema tão relevante quanto o Efeito Lindy. E, claro, as boas probabilidades que ele se dê muito bem no teste do tempo.

Parafraseando Nietzsche, em uma analogia, tudo aquilo que não mata as nossas sementes, as torna mais fortes.

Tempo, agora é contigo.

Assim, mais uma de minhas sementes acaba de ser plantada.

 

 

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